Fernando Andrade | escritor e crítico literário
Uma obra se enrodilha numa cobra. Dá um bote na lógica que tenta tenta se esconder mas é duro ter sentidos para morder a parede. Parede escora, encoraja a linguagem para sentir altura, som , raiva? volume, e densidade sobre a linguagem dos objetos que gritam pela opressão normática, que não morde, não late, pois é amigo do homem cordial, sempre.
O poema em sua liberdade de homem e mulher, ambos? De entrar em jardins das palavras, onde cerco não é corpo-matéria, mas sim, anarquia que despossui poder de armazenar tanta coisa com conteúdos programáticos de significados. A loucura requer certo alisamento da língua em derra(mar) par imagens ( binárias) numa parede estrada onde ângulo e espaço parecem perder-se pelo ponto (ou altura) de vista.
Mas é exatamente este ponto de vista que se se despossui de normatizar o entorno como algo coeso, denso, e nominal. Aqui jaz o drama; a encenação que o autor João Mostazo faz em seu novo livro Poemas para morder a parede, editora 7 letras, para deslindar o centro opressor do sentido em torno do seu núcleo de atenção e continuidade da ordem e progresso.
Pois na sua poética há um certo apreço pelo desvalimento da ordem, de uma ideologia supremacista. João cria uma fábrica de nonsense em torno da ideia de possuir tantas identidades à ponto de gerar excessos de informação e domínio.
Para isso produz uma ode teatral, onde a ação maquínica é quebrada pelo surrealismo, e pela ausência de lógica casual entre o que se produz e o que efetua como reação à isto. O drama no teatro é capaz de dissolver até pedras que rolam. Por que não? o mundo capitalista e binário da realidade tupininquim colorida de verde amarelo.
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