
existem sonhos que não são traduzidos
em palavras
são imagens simbólicas
por isso, alguns constroem seus sonhos
em papel espelho
realizando diferentes geometrias
– as dobraduras dão vida a essas formas cambiantes
do papel
refletidas no teatro de sombras do mundo
e dessa coreografia
surgem miríades de imagens arquetípicas
e o inquietante origami da filosofia.
Interpretar
Do outro lado da aurora
a noite
é iluminada pelos vaga-lumes
da poesia
esses vaga-lumes permitem
interpretar
o estrangulamento dos sonhos
os gestos de amor
e a sombra dos defuntos.
Fênix
de noite, sob as estrelas
alimentei uma fogueira
com lembranças e incertezas
o fogo transformou-se em cinzas
e falou
:
– os bons momentos foram devorados
pelas traças
eu queimei os momentos ruins
de seu passado
agora tenha coragem
rasgue os bloqueios
rasgue as couraças
interrompa as vozes do medo
olhe o futuro e como a Fênix, renasça!
Imprudentes
vasculham a linha do horizonte
e de noite precisam vestir mortalhas
para visitar o reino da Poesia
desafiam vendavais
mas são aprisionados
(ingenuamente)
nas redes das palavras
imprudentes e sedentos de poesia
bebem das águas do rio da morte
e embarcam na barca de Caronte.
Vivas. Que belos poemas. Parabéns à Isabel Furini e aos editores da revista.