Fernando Andrade | jornalista e crítico de literatura
Os animais na jaula temem sua liberdade. Civilizar um animal é domar suas pulsões dentro de um espaço\ privado. São bichos de estima-olha-ação, vistos por olhos humanos no zoo. Mas a animalidade quando travestida pelo aspecto metafórico, usado dentro de nossa família, pois estamos cercados de arquétipos aos bichos, que ora mostram garras? O certame paterno, ou recuam algumas casas atrás. O cão, por exemplo, este ser dentro do território humano com um animal dócil, quando seu parente distante, o lobo, figura solitária e desgarrante. É exatamente destas animalias, que o poeta Henrique Provinzano Amaral, em seu novo livro de poemas Quatro cantos, (Patuá) tece laços & relações poéticas e metafóricas, com um clã familiar, em algumas seções do seu livro.
Esta primeira seção Antepassados, se desenha de forma bastante narrativa, tecendo um conto Roseano, sobre origens. E como se o leitor fosse uma ponte na sua relação de receptor de uma estrada que desponta, que é ao mesmo tempo criação e leitura.Mas o eu lírico e poético sai de sua origem para peregrinar pelo mundo-estrada. A animalidade ainda persiste num cão trote, que vai percebendo a relação de sua humanidade com uma cidade que sempre é signo estranho? A cor das palavras acentuam suas imagens ora com um lobo da melancolia errante mas ao mesmo, desejante da escrita pulsante.
Aqui os poemas tendem à uma liberdade de galope do espaço sem horizontes. A alteridade se fixa em como estar dentro do corpo de uma baleia? Na terceira parte os poemas tender a falar sobre a intimidade do sujeito. Como aplicar\aplacar o desejo no espaço que é sua doma, no momento. O desejo é tão livre quanto o desembaraço das palavras em desnortearam os signos linguísticos. As imagens da criação como o ovo do Komodo, relação entre o antes e depois do verbo criativo, ovo. Pois a linguagem está além do mundo criado à imagem e semelhança de algum ser supremo.
Na última parte, o estrangeiro é visto sobre o olhar da opacidade, há nos poemas uma troca de singularidades entre o aqui numa língua tal e o estrangeiro como forma não estranha, mas sim, inclusa, do dentro no fora, de um país – nação.
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