Livro de poemas Oferta dá apuro visual à forma com que partes se estruturam com o todo | por Fernando Andrade

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Por Fernando Andrade | escritor, jornalista e crítico de literatura

Há uma bela ironia no título do novo livro da poeta Alexandra Vieira de Almeida, Oferta, pela editora Penalux. Se pela palavra temos um sentido de algo que se dá e recebe de forma visual e prática, precisamos então buscar muito antes ou atrás relações de semelhanças e similitudes de seu significado com o campo semântico que a autora tece ao longo do livro todo. Pois, Alexandra, habita uma poética de contorses tanto da ética de um som muito particular dela, seus versos são extremamente musicais pela proximidade fonética das palavras usadas por ela, quanto do deslizar o sentido da relação entre ideias do poema que parecem criar um contraste, mas existe certa coesão entre suas partes.

Algo como exercícios dialéticos entre partes de um corpo que aparentemente não se liga em seus conectivos, pois a poeta lida sempre com fraturas do entendível. Algo como um exemplo quando você escuta uma canção. A letra é a parte que faz todo contexto fazer sentido. Mas quando prestamos atenção à melodia, entramos no mundo sinestésico, onde nossa percepção de significados é apenas pura base intuitiva.

Não se pode decodificar notas musicais, pois elas são a base da matemática das relações entre toda uma estética sonora. Os poemas de Alexandra são estas notas que parecem dissonantes mas há em seus caminhos, uma lógica de sentido, por onde há certa clarificação do caos, não pelo uso dos versos, que parecem que se chocam uns ao outros, e sim, pelo apuro da sua forma.

Alexandra é uma desconstrutivista que engendra uma tessitura de claros\ escuros paradoxos, um uso não binário do sim e não. Neste nosso mundo onde os muros parecem ser levantados para engendrar verdades ou pós- verdades, a poeta nos leva aos mundo quase pôs científico da linguagem desnormalizada.

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