por Fernando Andrade | jornalista e crítico de literatura
Penso num homem bomba não terrorista que carregue a palavra poética como missão possível, míssil que cruze front eiras sobre o poder não da ordem, e sim do efeito estético de muitos sentidos figurados, imagens que desfaçam o núcleo beligerante do autoritarismo.
A palavra conceito pode também servir como praça ágora de uma filosofia que tenha não tanto a política como afronta -front, mas sim, a música no seu formato de trova, provação através da melodia aforística, quebrando formas, moldes de engessar tudo. O carnaval; forma híbrida de adereços, espaços multiformes, sons e ritmos, prosódia de um enredo sobre a face crítica da realidade de nosso meio é mensagem.
Neste olhar sobre o brincar de atuar sobre as coisas que o livro A utopia do carnaval sem fim, do poeta Bernardo Almeida, pela editora penalux, atravessa o panorama distorcido de uma mentalidade de fazer a guerra através de intenções, ações e palavras. O poeta, num efeito condensador na maioria das vezes, cria jogos de palavras que se interpenetram em suas malhas de significações, priorizando o ritmo, e as assonâncias, que aumentam o síntese da explosão estética do poema.
Aqui a relação entre paradoxos e contrastes com um jogo de claro e escuro, não torna nada maniqueísta, muito pelo contrário. São quase antíteses vindas das sínteses numa dança dialética sobre o movimento das sociedades, que estão ora em conservação, ora em mudança.
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