https://www.editorapenalux.com.br/catalogo-titulo/as-flores-daqui-sao-duras
Fernando Andrade | jornalista, escritor e crítico de literatura
A palavra torno é uma máquina de dar acabamento, polir, madeira. O torno desliza sob a superfície da madeira polindo ou dando uma forma nova. Mas também pode ser girar ao centro de uma coisa, por seu eixo, enovelando\posicionando sobre ela. Pensei muito nesta palavra para aferir as sensações pelo qual a leitura do livro As flores daqui são duras, da poeta Socorro Nunes, pela editora Penalux, passou por mim.
Pois na sua poética onde parece que acontecem torvelinhos de sentidos através de palavras que agem por movimentos giratórios e direcionais na página do poema. Até quando as palavras mudam os sentidos quando são trocadas de lugar no poema, existe este voo de reentrâncias, sair do buraco visual das palavras. Socorro é exímia em transferir o peso das palavras trocando elas de posição na frase poética. E fazendo isso com uma leveza desconcertante mexendo nas malhas de dentro dos sentidos. E como se ela mexesse no caminho do poema.
Fizesse do poema o inusitado da pedra no caminho que bloqueia algum senso comum pelos versos. Se o tracejado dos enredos são tão elásticos a ponto de com a imaginação do leitor preencher os espaços em branco, ela a poeta já faz o serviço, numa reescrita imagética. Aqui na verdade o pincel tem o poder de apagar e pintar de novo com novas tintas. O tracejado do poema sempre pontilha novas linhas. Linhas também do leitor com sua imaginação.
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