Em uma empresa brasileira do ramo alimentício que produzia salgadinhos, aconteceu algo inacreditável. Na linha de produção onde os salgadinhos eram produzidos e embalados de maneira automatizada, ocorreu um grave acidente. Após uma pane mecânica em uma das empacotadoras industriais da fábrica, um dos funcionários, que ocupava a função de auxiliar de produção acabou perdendo um dos dedos. Por motivo de segurança, toda a produção da fábrica foi suspensa imediatamente.
Testemunhas relataram que logo depois do acidente o homem caiu no chão desmaiado, e havia sangue por todo canto. Rapidamente o funcionário foi socorrido, primeiramente pela brigada socorrista da empresa e logo em seguida por uma ambulância que o levou para o hospital. Contam que na empresa, o dilema maior foi encontrar o dedo decepado do homem. A máquina foi desmontada, peça por peça, e o dedo não foi encontrado. Após uma detalhada procura, não localizaram o dedo do funcionário no local do acidente.
Como em qualquer indústria de grande porte a produção não podia parar; foi feita a devida limpeza, a empacotadora com defeito foi substituída e o trabalho recomeçou com força total. Todos acreditavam que o dedo do pobre homem havia sido de alguma maneira, triturado pelas engrenagens da máquina e expelido junto com todo aquele sangue que se viu no dia do acidente. Era a única explicação. Já o funcionário que sofreu o terrível acidente, ficou muito traumatizado, entrou na perícia médica e não conseguiu mais voltar a trabalhar na fábrica.
Na empresa, o assunto foi dado como encerrado e classificado como um lamentável acidente de trabalho. A fábrica de salgadinhos seguiu em frente com a produção. Até aí, essa história parecia ser só mais uma entre as muitas que acontecem diariamente nas empresas e indústrias brasileiras. Um dos seus funcionários sofre um acidente de trabalho e claro, é ele quem fica com o prejuízo real. Porém, o episódio na fábrica de salgadinho ainda estava longe de acabar.
Duas semanas depois, do outro lado da cidade, um garoto de 12 anos de idade estava saindo do colégio e resolveu comprar um pacote de salgadinhos no bar da cantina da escola. Todos os dias ele pegava o ônibus para ir para casa e no caminho de volta, costumava ir saboreando seus salgadinhos favoritos. Naquele dia, comprou o seu salgadinho preferido e guardou na sua mochila. Assim que o ônibus chegou ao ponto, o garoto embarcou e se sentou confortavelmente em uma das poltronas.
Outras pessoas embarcaram e o ônibus logo andou; o retorno para casa estava começando… então, era hora do lanche, hora de abrir o seu pacote de salgadinhos.
Distraído, o garoto ia olhando para fora do ônibus pela janela, observando as pessoas na rua, a paisagem, etc. Pegou o pacote de salgadinhos na mochila e abriu, com um movimento automático de quem fazia aquilo todos os dias. Começou a comer seus deliciosos salgadinhos de queijo enquanto continuava olhando pela janela do ônibus. Aqueles salgadinhos costumavam ter um cheiro de chulé, mas mesmo assim, o gosto era maravilhoso. Naquele dia os salgadinhos pareciam estar com um cheiro meio estranho, mas continuavam extremamente saborosos. Continuou a comer.
De repente, o garoto pegou algo dentro do pacote que não tinha a mesma textura dos salgadinhos. Parecia ter uma textura de carne e antes de levar até a boca, olhou para o que tinha na mão. Um cheiro de podre havia tomado conta de suas narinas. Chocado com o que viu, o garoto ficou dividido entre a ânsia de vômito e o instinto inocente de gritar; não se conteve e deu um grito de horror. Ele estava segurando um dedo humano apodrecido e muito nojento.
Todos no ônibus olharam assustados para o garoto. Sem entender o que estava acontecendo, o motorista do ônibus parou bruscamente. Os passageiros estavam apavorados com o que viam; um dedo humano. O garoto quase desmaiou sem compreender o que tinha acontecido. Seria uma brincadeira sem graça dos garotos mais velhos? Depois que todos perceberam que se tratava de um dedo humano encontrado dentro de um pacote de salgadinhos, a polícia foi chamada.
Essa história rendeu, e ganhou os noticiários e os jornais de todo o país. As pessoas faziam até piadas, dizendo que um dedo humano é o tipo de brinde que ninguém quer encontrar em um pacote de salgadinhos. O garoto ficou muito impressionado e nunca mais teve coragem de comer salgadinhos. Aquela experiência traumática lhe rendeu medo e nojo. O garoto precisou fazer terapia com um psicólogo.
Os investigadores da polícia rapidamente ligaram o caso do dedo humano no pacote de salgadinhos do garoto ao caso do funcionário que havia perdido o dedo na máquina da indústria de alimentos, algumas semanas antes. Foram feitos testes clínicos e assim o caso foi solucionado; entendeu-se que, quando o dedo do funcionário foi decepado, a empacotadora industrial embalou e lacrou um pacote com o dedo do homem dentro, junto com os saborosos salgadinhos. Foi por isso que ninguém conseguiu encontrar o dedo do funcionário no local do acidente.
E assim, de maneira assustadora, o mistério do dedo no salgadinho foi desvendado. A história correu o Brasil todo e toda aquela propaganda negativa afetou consideravelmente as vendas da fábrica. Para não ir à falência, a empresa precisou trocar de nome e passou a fabricar outro produto; salsichas.
Adriano Besen
Natural de Florianópolis (Santa Catarina)
Autor do livro infantil: A história de uma galinha
Foi colunista do jornal O Tropeiro
Publicado em Antologias, revistas, jornais, blogs e sites.
Escritor e Músico.
Contador de histórias.
Apaixonado por livros.
https://www.facebook.com/adriano.besen.7
Instagram: @adrianobesen
Agradeço a Literatura e Fechadura pela oportunidade.
Para mim foi um enorme prazer publicar meu texto.
Um fraterno abraço.
Muito boa!!!
Top de Linha.. sucesso Adriano.
Muito legal…