Fernando Andrade | jornalista e crítico literário
O olho é uma arma que emite imagens. São imagens do campo da gravidade da vida. É preciso tirar o peso das coisas, deixar que elas levitem por espaços semânticos ou quânticos. O poeta é um desarrumador de espaços e ordens. O aleatório ou nonsense criveja nestas páginas não avulsas, para isso vamos bagunçar as palavras, ordená-las de uma forma desconstrutiva.
O sujeito se desmagnetizou ao passar muito além de um mero surrealismo. Nesta onda de copia e cola, podemos mixar, como o poeta Fernando Ramos faz em seu surpreendente livro de ( ) não faço gêneros mamãe… Mundo adverso onde a informação é entropia pura.
Fernando regurgita este mundo cheio de calorias e bugs para fomentar a pura loucura do des-acesso. Nada de paranoia – fake news. O trecho bom é quebrar as moléculas dos versos em quantidades infinitesimais, o átomo não conjuga, agora, é a imagem pura e complexa de emitir nano raios para o receptor desatento.
Aos tímpanos da Zacorqueia, (Urutau) é um turbilhão de afectos mirabolantes, onde a referência e destino parecem sair da cabeça de um cientista varrido. O poeta tenciona a sua localização. Embaralhando contextos, ideias, teses, para abolir as tantas linhas por onde se convém chamar algo escrito de pura literatura.
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