Marcelo Frota | escritor e crítico de literatura
Ambiguidades, (Ed. Penalux, 2021), novo livro de Adriana Vieira Lomar é uma coletânea de 29 contos em que os personagens que gravitam sob as muitas tramas da obra estão em situações limites, onde o extremo é uma característica, assim como a forma como os contos muitas vezes se concluem. Dividido em cinco partes, o livro traz a inquietude e o inusitado em contos que provocam certo desconforto, ao mesmo tempo que fascinam e “prendem” o leitor, o levando a percorrer a jornada em minutos de intensa imersão.
O livro inicia com o forte Os gerânios me entendem, onde uma mulher observa pela janela uma garota fazendo sexo com quatro homens. Desconcertada com as imagens que vê, e impossibilitada de ajudar a garota, a mulher se volta para seus gerânios. A fé, ou o acaso, interrompe o ato, e traz o final onde o desenrolar da trama se mostra muito mais pessoal do que as páginas anteriores do conto deixavam transparecer.
A desconstrução da narrativa, e em muitas vezes a quebra das expectativas se fazem presente em Os gerânios me entendem, e em outros contos, assim como a elegante escrita de Adriana Vieira Lomar. É perceptível o cuidado e o apreço da autora na composição de suas histórias, e a simplicidade com a qual constrói da narrativa.
Os efeitos provocados pela leitura de Ambiguidades dependem da subjetividade de cada um. No entanto, sair sem refletir sobre as tramas apresentadas na obra é algo impossível. Uma retrato da complexidade do cotidiano.
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