Dois talentos da música brasileira no álbum Abre a Cortina – TUTAMÉIA (tutameia.jor.br)
Fernando Andrade | escritor e jornalista
Ah! o drama, que foge do palco para nossas pequenas vidas. O drama em cada ato, em cada pequena pausa sobre o caos. Vamos andar \ caminhar sobre este novelo que é a vida. Vida não é novela, mas enovela tanto, com suas infindas linhas por dentro. Penso tanto nas palavras que não são tão de cunho real: fantasias é que preciso! Que me faça ler Freud! De uma realidade contaminada, espinhosa. Por isso, entrou como Alice pelo buraco da não fechadura. A poética é minha dose ilusão de ótica? Ver as palavras voando, como tácitas imagens. Abre a cortina do Luiz Tatit e Dante Ozzetti é um álbum luminoso, imaginoso, uma combinação feliz de letra e melodia. Canções que parecem nos dizer peraí, aguenta firme, que as coisas vão melhorar.
São imagens visuais eivadas de um para cima que não é doce nem ingênuo, em jogos de palavras que redimensionam até a noção de certo \ errado, lado A e lado B, políticas da boa adaptação por que tudo se embaralhe feito um jogo de cartas, o aleatório fica legal, o certo vira imaginação.
Luiz Tatit e Dante chamaram uma constelação de estrelas para cantar suas canções de Ná Ozzetti à Patrícia Bastos, onde cada interpretação tem um tempo muito sutil como as patas de um felino. Há modulações em cada voz dessas cantoras, entoando ritmos, timbres e nuances.
Dante arranja as melodias com extrema habilidade e sofisticação, criando únicas identidades sonoras para cada faixa. A metáfora não apenas faz valer uso de imagens, mas sim relacionar eventos com estados de ânimos, espelhos por fractais, colorir um universo de arco-íris uma paleta apenas onde vemos apenas cinza no nosso pão de cada dia.
As relações entre Tatit e Dante são dançantes, moventes, pois partem de um ponto onde a palavra é morfema intercambiável com os sentidos de nossa vida.
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