Fernando Andrade | escritor e crítico literário
O fanático é aquele que só sabe narrar o ouvir uma única voz. Ele engoliu uma vitrola onde a agulha risca apenas certos ruídos, sem comunicação. Mas quando ouvimos um livro, um romance ou um certo livro de conto, queremos, o largo, o avanço de alguma maré que nos leve mar afora para nos perdermos na imensidão de alguma ficção oceânica e vasta. E não é uma relação de tamanho, mas sim, de alcance de uma profundidade íntima com nossos devaneios e nossas camadas internas dos nossos eus.
O escritor Thassio Ferreira em seu ótimo Nunca estivemos no Kansas ( contos), Patuá, faz neste seu percurso onde a viagem não tem marcos, nem fronteiras, uma investida no espaço interno do humano enquanto gente, física, corpórea, e pulsional.
Investindo numa linguagem mimética com o meio ambiente, o autor desconstrói estereótipos de gêneros, experimenta as bagunças entre pessoas da mesma família, tentando captar o que vem primeiro, se as aparências sociais e seus papéis , ou uma questão de singularidade pessoal e intransferível. Por isso, Thassio, parte tanto das minúcias dos sentimentos e não do geral padrão que se espera dos comportamentos socialmente como modelos de certo ou errado, binário. Não há padrões neste percurso, pois a viagem à Kansas, pode ser tão imaginativa, e sonhadora quanto um mundo onírico de um coelho entrando num buraco da lógica.
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