Fernando Andrade | escritor e crítico de literatura
Começo este texto com uma palavra que deslinda um movimento para o mundo externo. Opinião, damos à todo momento, aos outros, até para nós mesmos. Ela circula por ruas, trabalhos, lazer, política. Podem ser laços, lastros, mas também, ruínas. A opinião seria um cordão umbilical de nossa intimidade com o universo social? Porém muitos andarilhos, caminhantes deixam de tê-las para o mundo, se fechando em si mesmos, mas colocando o movimento físico das pernas para deslocar-se entre fronteiras emocionais e físicas. A solidão é uma parte de nós mesmos quando a vontade prioriza mais o silêncio do que a expressão signa da fala? Interiorização na meditação precisa necessariamente de não verbalizarmos nossos pensamentos?
Quando li o livro Elogio à solidão do escritor Stephen Batchelor, editora Gryphus, sobre seu caminho interior para uma sintonia com suas camadas mais internas quando puxamos os pensamento para um lado mais humano, pensei nessa questão de quanto falamos sem sentir a ausência de sentidos nas coisas. Parece que desperdiçamos muitas palavras ao vento. Stephen nos conta neste livro suas relações com as substâncias psicoativas com ayahuasca que ele ingeriu durante anos para aprimorar uma visão interna de si, através da meditação, mas que também nos dá aquele terceiro olho que mantém uma absorção intensa do entorno com detalhes e nuances quase mágicas.
Somos devido ao contorno das opiniões reativas, uma ação e reação emocional às ideias travadas com o mundo. O autor fez deste experiência uma forma de filtro das impurezas da comunicação de massa, onde política, e senso comum nos enchem de visualizações de mensagens e opiniões generalizantes sobre tudo. Meditar para ele seria uma maneira de adentrar uma percepção mais apurada da malha da realidade que fica muito escondida por tanta informação embrulhada, sem esta sensibilidade de às vezes nos tocarmos num certo escudo emocional.
Sempre lembro que o exercício da respiração , amaina o sintomas da ansiedade. Deixar que corpo sintonize os chakras de um universo cósmico. Há homens que formaram se através do silêncio, uma ode aos exercícios da solidão, tanto pelo ceticismo, quanto pela procura de não se corromper por uma via pública de juízos, intolerâncias. Montaigne fez de seu castelo um retiro para refletir o mundo da época, criando um pensamento sobre como pertencer aos desígnios da ideologia com um silêncio fulminante para só refletir sobre…
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