Livro de contos ‘As meninas de vinte e dois – maiores que o mundo’ quebra as fronteiras dos gêneros para falar das artistas da semana da arte moderna de 22 | Fernando Andrade

Viviane Santiago - Livro de contos 'As meninas de vinte e dois - maiores que o mundo' quebra as fronteiras dos gêneros para falar das artistas da semana da arte moderna de 22 | Fernando Andrade

 
 
 
 
 

Fernando Andrade | escritor e crítico literário

Imagino que um escritor quando chega numa redação de jornal queira inventar moda. O chefe de redação pede uma reportagem para ele, e ele senta na mesa e sai escrevendo algo próximo de uma invenção muito boa. Usa os fatos que lhe são colocados de forma quase folhetinesca, algo como uma boa ficção que se desloca da realidade para passear pelas veredas da fantasia e imaginação. Mas ali há certa mimese; a representação do real camuflado pela linguagem de um lugar, de um evento que pode ser tão representativo da cultura de um país. Não caberia ao leitor julgar este mote do autor quando por acaso viesse em alguma página de seu jornal matutino.
Me veio esta imagem quando li o livro de contos da escritora Viviane Santiago, As meninas de vinte e dois – maiores que o mundo, maiores que o mundo, editora Patuá, que começa pelo seu projeto quebrando algumas fronteiras entre gêneros. Pois seu livro é tão fluido na sua narrativa que a abordagem conto poderia quebrada por um espécie de cronologia livre de uma abordagem muito pautada na ótica feminina tanto do evento quanto da sua escrita, e diria que persegue certo percurso inteiro de um mosaico sobre A semana da arte moderna de 22.
Viviane escreve para cada autora do modernismo, como se ela fosse um duplo de sua autoria. Há uma linha que percebemos ser a autora mais que se confunde com o estilo de abordagem jornalística de tratar o seu tema. Não é o caso de emprestar a voz a quem fala sobre alguém. É mimetizar a voz sendo ela e a personagem ao mesmo tempo. Como num jogo teatral onde atriz e personagem não se descolam da cena, criando interfaces entre as biografias e a representação da vida narrada.

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