Fernando Andrade | escritor e jornalista
Uma casa ou apê pode ter seu contos ou cantos onde o silêncio se perpetua. Uma moradora na sua rotina pode tanto varrer um quarto quanto achar um poema embaixo da cama. É certo que quando andamos pelo nosso canto, a intimidade nela não aparece assim de sopetão. São as ações passageiras como tirar um pó de uma cômoda desacomodada que o eco de um silêncio muito promissor aparece. E deste silêncio pela casa que a poeta Glaucia Ank em seu primeiro livro chamado Plano sequência, editora Penalux, filma para gente, seu leitor, uma intimidade acolhedora de edredons sobre tons tão poéticos.
São pequenas ações cotidianas que nos fazem pessoas, em som, ritmo e prosa. Glaucia faz pequenos poemas narrativos que escondem mais do que mostram nas pequenas reticências do lugares e vãos de uma casa. Um exemplo – o que uma cortina na varanda pode sugerir? um lugar para ouvir um som , um jazz, ou trocar gestos e afagos com o namorado. São rituais que o poema entoa na primeira noite de uma escrita sobre o passado que veste e reveste um lar que vai se modificando com o movimento tanto dos dias quanto do corpo que preenche as lacunas do espaço íntimo do ser.
Amei a resenha, Fernando! Obrigada pela leitura e pelas palavras! ☺️