Livro de poemas ‘Kara wã’ hibridiza o sertão através da linguagem poética e tátil do autor | Fernando Andrade

Kara wã - Livro de poemas 'Kara wã' hibridiza o sertão através da linguagem poética e tátil do autor | Fernando Andrade

 
 
 
 

Fernando Andrade | escritor e jornalista

A poética do sertão é o caminho de pedra, o toco de madeira, veio d’água, brotando, milagrosa na sede do andarilho viajante. Surge de cada leito de palavras, cujo signo cria cada desaparição de urgência.
Palavras desfilam serpenteantes pela obra nova do poeta Vladimir Queiroz, chamada Kara wã, pela editora penalux, uma faina de corpos de semânticas da caatinga, plural, esfomeada pela antropologia do lugar inóspito, será!

O poeta traz seu leitor para viajar por espaços onde cada espinho pode trazer um avesso, um mandacaru, pode aplacar a sede de um retirante.
E a visualidade do autor coloca ali dentro da cena da caatinga, nos apresenta a fábula dos animais, bois, crias que surgem da necessidade da seca. Alimentos poucos, desnutridos, revelam sua veia poética para o suculento significado da polpa sentido.
Casas de alvenarias, trazem cupins, percevejos e outros seres microscópicos à olho nu. A linguagem de Vladimir potencializa cada pedaço de chão, cada morte terrena de um solo visionário de futuros caminhos. O sertão é um pedaço não só de terra, mas antropomorfiza, ou relaciona vegetal, animal e humanos, numa vontade de superação do clima, da vontade por viver além da margem, além do rio.

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