Fernando Andrade | escritor e jornalista
Poetas não gostam de açúcar. Adoçam as palavras. Ficam enjoadas para o manuseio.
O poeta ao dar liga aos versos, prefere o sal aquele que tempera o mar, este imenso lugar de poemas marinhos. Pois, o sal queima versos e as feridas que o cicatrizam. O poeta tem sal-(i)dade do mar, por isso, saí para olhar o horizonte onde a água se conecta com o céu, este outro imenso para palavras etéreas. Caio Garrido em seu primeiro livro de poemas Marés, pela editora Folheando, zarpou numa embarcação cujo lema é a vastidão do pensamento sobre as coisas desta ínfima e vã vida marinha. São poemas que lidam com a ausência, o peso de uma lembrança quando partimos, e chegamos aos encontros, com os outros.
Caio nos poemas mais curtos, tem um enorme valor de concisão, ao expressar o branco das nuvens, a espuma do mar, que bate na praia aqui ou lá. Lacunas que podemos ver microrganismos poéticos, de tão minúsculos que não se podem enxergar a olho nu. O fluxo das marés é o mesmo da musicalidade das palavras que puxam melodias para o marulho das ondas. Pescador de pérolas leia aos navegantes esta ode aos trovadores de sonhos.
Sei lá… não li o livro, não posso opinar sobre a obra… curioso que sou, fui escarafunchar o estilo do autor… sei lá…