Fernando Andrade | escritor e jornalista
A liberdade pode ser um ato de criação, pois não estamos amarrados, bloqueados por nada. Sublimar a culpa, desinibir recalques, liberar sonhos, e devaneios. Todo escritor vive solto talvez até por quatro patas, e uma cauda que orne a escrita. Penso na liberdade entre ter um cão, e um gato, como companhia. Alguns preferem o primeiro, outros, adotam o segundo. No caso do escritor Alvaro Senra, ele escreveu uma antologia de felinos, Gatário, editora 7 letras, sobre quais com suas infinitas personalidades, passou pela amizade com o autor. O texto vai passeando por uma galeria de gatos, perfilando sua autonomia, a liberdade dos telhados, não andar em cima do muro na hora dos gostos, e preferências. Alvaro escreve com extremo bom humor sobre a arte felina de amizade com seus amigos humanos, as fugas, o retorno, a busca por afeto, a tendência à solidão, quando quer.
São gatos que parecem por demais próximos a certa humanidade bípede – das duas pernas – que se locomovem, mas também se prostam quando ficam tristes. O autor já que é historiador usa um repertório da história e da literatura fazendo até citações de textos sobre amantes dos gatos em escritores como Guimarães Rosa, Julio Cortázar e Doris Lessing. Cita a fama dos felinos na antiguidade como um ser quase mitológico. O livro não é um manual de abstrações e comportamento felino, funciona mais como um belo bestiário na linha Cortazariana sobre a humanidade felina na arte e até na poesia.
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