Fernando Andrade – escritor e jornalista
Obra, toda sua vida vista depois da morte. Ele deixou sua obra. Ou também todo material escrito deixado por um autor já morto.
Mas estamos falando de uma escritora que lança seu primeiro livro.
Muito longe de um material de ficção, um romance com personagens inventados. Ela fala na primeira pessoa da sua vida junto aos livros que ela foi formada. Fala de sua família no interior, potiguar e sertaneja.
Ana Karla Farias, em seu primeiro livro À deriva de mim, editora Penalux, expõe com uma lucidez e clareza, sua fábula ou universo dentro da leitura, sua individualidade perante a singular voz de quem ama os livros, e se faz tão única na diferenciação da fantasia na cabeça de uma adolescente. O texto é primoroso, numa declamação entre memorialismo e a autoficção. Com seu manejo cinematográfico, suas imagens parecem saídas de um projetor; de uma lente onde capta as nuances de sua forma introvertida e estética. Mas Ana está tão cheia de projetos, estuda a ficção e o cinema entre Agnes Varda e Clarice Lispector.
Sua liberdade é saber se reinventar através de suas palavras sobre a memória qua atua como um jogo sobre a atuação do presente, somos atuantes a atores projetando um futuro onde escolhemos, com nossas preferências, nosso talhe, nossas letras tão digitais.
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