Romance ‘Dueto dos Ausentes’ cria um mosaico de vidas possíveis e imaginárias para um personagem psicanalista.

Fernando Rinaldi - Romance 'Dueto dos Ausentes' cria um mosaico de vidas possíveis e imaginárias para um personagem psicanalista.

 
 
 

Fernando Andrade | escritor e jornalista

Uma vida nunca composta, não se transformará numa melodia de uma canção modulada por biografias. A experiência nos dá a vivência do vivido, do factual. Mas quando a ficção se sobrepõe à experiência, podemos ter o possível o devir de uma vida não ocorrida. Um psicanalista no começo do livro do escritor Fernando Rinaldo, Dueto dos Ausentes, Editora Reformatório, perde o filho único em acidente de carro. A partir deste diário, a narrativa se fragmenta em outras possíveis versões de histórias, com personagens que procuram outro curso de vida, mas o passado parece fluir por entre as entrelinhas de cada versão – de Élio que vai para França estudar psicanálise, de Heitor, o próprio narrador que começa o diário não realizado com pai, mas com outra figura ou personagem dentro de um jogo de espelhos que parecem um palco, onde lances, dados do acaso, motivam intenções, flertes, ou futuros em infinitas probabilidades de linhas de destinos ou desatinos. Fernando é muito eficaz em trabalhar a psicologia de cada fratura do personagem eixo, em espaços, tempos distintos, num jogo de espelhos entre o eu e o nós, entre o ego e o universo em redor. É um belo livro.

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