Fernando Andrade | jornalista e escritor
A paz é um estado de conservação de algum nível de repouso, da calma.
Mas estamos vivos, sempre em alguma órbita de corpos, tensos, em movimento, procurando rotina, trabalho, fome, dinheiro. Acabo de ler um livro de contos, onde os personagens não conseguem manter a serenidade perante algum tipo de oferta de perigo, ameaça, conflito. Isto pode ser através de metáforas através de moscas, que focam seu campo visual de maneira até paranoica, ou tiques nervosos onde uma repetição mecânica abala a rotina.
A autora Gabriela Colombo em seu livro de contos, Fora de Cálculo, editora Reformatório, cria narrativas cujo controle da vida escapa de organização que sempre é social, mas por alguma desordem psíquica, gera angústia e prostração. A escritora mantém certa linha realista, porém o insólito abre brechas para eventos na narrativa até fantásticos, como o conto Experimento Marciano. Algum aspectos da animalidade poética são traçados em alguns contos, outros lidam com a desordem da natureza perante a ordem simbólica, do homem em destruir o meio ambiente.
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