Fernando Andrade | escritor e jornalista
Como um detetive que vai atrás de pistas para desvendar o mistério de um caso insolúvel, a literatura e principalmente o conto tem pouco espaço e tempo para surpreender o leitor com o andamento do “caso” a ser contado, com maestria e desenvoltura. Carmen L de Oliveira em seu novo livro de contos ‘A garota do fagote’, pela editora 7 letras, tem em sua linguagem a principal suspeita para que o leitor desvenda este mistério tão feminino quanto a alma de uma mulher. São quase todos contos onde a escrita curiosa desvenda os deslindes e os encantos de personagens que precisam da atriz aquela qualidade da tradução, em transbordar tantas esfinges quanto um homem pode lançar questões para uma personagem feminina que caminha pela narrativa nem tão fatal, nem tão solúvel, quanto a própria ficção pode embaralhar, as certezas de um leitor. Minuciosamente bem trabalhado pelas palavras, o andamento parece uma canção perfeita como suas nuances sentimentais, seu febril estado do corpo como uma febre terçã. Carmen vai da narrativa puramente ficcional até seu fim, mas documental falando de fatos ou eventos relacionados à factualidade. A música em seu transcurso melódico acaba sendo a imagem sonora mais discursiva deste livro maravilhoso.
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