Fernando Andrade | escritor e jornalista
Quando alguém te diz que vai te dar uma sugestão, pense que não deve ser algo literal para sua vida, como anda ela. Algo mais interno como mecanismo da escrita, onde se senta sozinho numa mesa para o ato da criação. Como pintar uma folha em branco, onde o vazio ou sua ideia se matizam de cor, sombras, e sentidos. Quando se escreve pouco, a sugestão vem acompanhada de solidão com palavras solitárias que precisam de outras num grupo bem definido, fechado. Quando li o livro da Mayanna Velame, de contos mínimos, chamado Cactos e tubarões, pela editora Penalux, vi como o exercício da pintura ajuda nesta ideia de preencher lacunas onde o sentido é fenda, interstícios, onde o que se lê é pensamento, abstração do leitor pela sua imaginação criativa. A autora exercita esta visualidade cirúrgica pela imagem do que se está na sugestão da entrelinha. Às vezes com humor, ironia, e o final com a dose de desfecho repentino como um nocaute de boxe. Se você gosta, sinta-se nocauteado por estas luvas nada de cara fechada.
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