Livro de poemas ‘Destino leia-se sentido’ brinca com os jogos dos legos dos significantes\significados

Gabriela Marcondes - Livro de poemas 'Destino leia-se sentido' brinca com os jogos dos legos dos significantes\significados
 
 
 
 

Fenando Andrade | escritor e jornalista

Como jogamos a matemática no destino de alguém. Não estamos lançando dados para ver onde pisamos em certo jogo de amarelinha. Se percebermos a vida que anda corre por linhas, curvas, pontos às vezes falhos, na poesia temos o imponderável acaso das palavras que se misturam, viram metamorfoses de outras criaturas, valises, combinações, bonecas russas, onde o jogo não é de cartas, mas sim, de séries que podem ser numeradas, quanto circenses. Ao ler o livro da poeta Gabriela Marcondes, Destino leia-se sentidos, editora 7 letras, me veio à mente um livro do Calvino, chamado Castelo dos Destinos Cruzados, onde o baralho de um tarô produz matéria ficcional pelas posições em que sua iconografia é posta à mesa. Gabriela também lança mão de certa evolução geométrica onde as letras parecem números em ordem nem tão aleatória, ou fugaz. Ela pega certas traduções ou citações de frases de outros autores, e brinca com seu sentido da própria linguagem poética numa espiral, ou rodopio de torções de palavras – frases dançarinas. O destino de um filme é sua sequência, da nossa vida uma frame de lembrança onde cada encaixe parece solúvel como um café saído. O que será de cada piso ou pisada que damos ao longe, ao futuro. Jogos entre um surrealismo ou uma certa documentação de obra em vida.

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