Fernando Andrade | escritor e jornalista
Poesia: arte de produzir imagens. O espelho do corpo não produz sons.
Quando estamos frente ao espelho não entramos em narciso por que produzimos palavras cujo efeito é o som e o sentido. A imagem produz sentido, este sou eu refletido nesta película. A música é um ato de bondade. Ela nos torna sociáveis uns aos outros. Nos liberta dos modelos.
Quando produzimos um álbum sonoro, estamos dispostos a tudo. A escuta do entorno, da saída mais longe. Para os nãos poetas a imagem pode vir distorcida, estilhaçada pelo mundo cão que morde a alma luciferiana, do Goethe mais próximo. Mas os poetas são internos sabem quantas camadas, tem seus egos multifacetados. Leituras, e autorias andam juntas, no modo de operar poético. É o que faz a poeta audiovisual, Marianna Perna, em seu.
livro disco, O Livro de poemas, o livro dos espelhos, nos conecta com o caleidoscópio seu, sonoro e visuais, pela editora Penalux, com uma imensa capacidade imagética e sonora, captando os decibéis mais ínfimos da modernidade não líquida, entre espaços, convivências, e amizades. A poeta cria pequenas suítes onde cada faixa vem absorvida por um autor poeta de convivência, criando laços com ele semanticamente, e esteticamente num pequeno jogo de espelhos e rebatimentos. A imagem especular com já disse pode dilacerar a carne de uma refeição poética. Produzimos sim suturas, fendas, fissuras na exacerbação dos elementos figurativos e conotativos de visão e audição. Vamos ao ínfimo do detalhe do sentido, aquele que é preciso captar com nuances microscópicas. Isto Marianna Perna faz com seu belo trabalho de mosaico de virtualidades musicais.
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