Livro de contos, Breve inventário de pequenas solidões, com linguagem apurada, tece a solidão em meio aos ruídos de uma urbanidade caótica

Tiago Feijo 2024 - Livro de contos, Breve inventário de pequenas  solidões, com linguagem apurada, tece a solidão em meio aos ruídos de uma urbanidade caótica
 
 
 

Fernando Andrade – jornalista e escritor

A solidão ouve música. Toda canção é cravejada de silêncios.
Não disfarça na letra, o que vem são os tons meio tons de rumores, ruas vazias, nuances tristes sobre quem passou por ali. Mas a solidão ao ouvir um vinil também se escreve, se traduz em movimentos, ações, palavras que não estão vazias, mas com sentidos aflorados à flor da pele.
Há um autor que quando escreve seus contos, parece musicar composições sonoras sobre não , o desamparo, mas esta situação de estar em não sintonia, com meio, o mundo. Tiago Feijó em seu novo livro de contos, Breve inventário de pequenas solidões, editora Literalux, cria pequenas imperfeições, sobre a vida urbana, e também literária, mostrando que a liberdade de estar engaiolado, o ato solitário de viver entre cães, não é um normalidade, mas também é preciso questionar a que nível de sociabilidade é um recurso para a sanidade de alguém. Tiago tece seu texto com filigranas de afeto puro, tangenciando a máxima acuidade verbal, e aprimorando cada vez mais nos seus sucessivos livros um apuro com a linguagem. Não há qualquer traço de psicologismo, de explicações emocionais, tudo mimetizado, por uma sobriedade estetizante com a economia formal da expressão da comunicação linguística.

Please follow and like us:
Be the first to comment

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial