Fernando Andrade | escritor e jornalista
Atravessar o tempo é deixar a vida correr. Ao sabor do vento. Como um cão que espera o sinal, um latido, para atravessar a rua enquanto o carro passa com algum tipo de narrador dentro. Relativizar ações que podem ter o mesmo peso nas ações e consequências. O texto não espera nenhum sinal, ela atravessa sem fronteiras e paradas até a via mais distante seu desfecho. No livro de poemas do poeta Gabriel Gonzalez, pela editora 7 letras, o autor apropria-se da teoria da relatividade de forma poética para condensar tanto o fugaz quanto o eterno num possível e repetitivo eterno retorno. Sua poesia de condensação usa certas figuras, como texto, tempo, cão, distâncias, carros, para criar um efeito sinestésico de aguda cristalização do evento como transe trânsito, poético. Como um filme que repete certas cenas e sequências, multiplicando dobras espaciais e temporais, formando um caleidoscópio tridimensional.
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