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Fernando Andrade | escritor e jornalista
O que seria a grafia da vida. Escrever a vida será possível, perante tanta plenitude que a vida contém. A vida de alguém desaparecia se não houvesse a escrita. A memória está imersa no ato criativo de escrever sobre si, ou sublimando você através de ficções. Mas a grafia da vida precisa de certa prosa de certo encanto, para torná-la mais apetecível. Seria a crônica uma forma de grafá-la de certa graciosidade. A autora Viviane Santiago em seu novo livro de crônicas Espaços que contam histórias, editora Telucazu, com sua prosa cheia de sinuosidades entre o estético e o informal, nos conta a partir de certa localidade de São Paulo como se tudo fosse certo marco temporal e espacial, para seguir certo percurso não como uma estrada reta algum destino. Mas como um balão no alto céu recolhendo fragmentos de enredos, histórias, afetividades, que ela como observadora viu, colheu, e deixou ali no baú de guardados. Viviane é uma atenta mapeadora de situações cotidianas, de memórias sensoriais em que laços, lastros, ficam à mostra ao leitor de jeito encantador. É impossível separar o que contém coisas, joias mais pessoais que aconteceram só com ela, daquilo que ela forma como uma observadora distante do que está longe dela. O fato da crônica possibilitar esta junção entre o pessoal imerso no fato no evento, ou daquilo que por exemplo ouvimos de terceiros ou recolhemos na notícia de um meio de comunicação. São Paulo para quem lê seu livro aparece como um uma planície ou um espaço tanto habitável quanto narrável do ponto de vista da coletividade e memória.
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