Fernando Andrade – escritor e jornalista
Definir o vento para cada lugar geográfico, com seu temperamento, ousado, violento, cortante, para que o autor identifique que tipo de relação cada conto ou história vai procriar através daquele vento que passa por aquele canto do planeta. É interessante notar que cada narrador personagem vai ter sua atuação quase um jogo dialético com seu vento, podendo ser na Europa central, no ,Japão, elaborando certos tipos de alegorias de trama conflito para o núcleo dos personagens. Refugiados, parte para o Brasil ficando em aeroportos, são situações onde o deslocamento entre culturas e países muitas vezes em guerras, tornam a vida de pessoas com baixa demanda de humanidades. Decio Zylbersztajn no seu novo livro de contos, Noites de Argenta, editora Reformatório, cria certas metáforas para o vazio de pessoas que se aculturaram, quando precisam fugir de conflitos bélicos, e o vento é a camada interna e subjetiva do estado de alma de cada ser que se encontra em nova fronteira, para recomeçar a vida. Em noites de Argenta conto que dá título ao livro, talvez seja o único que fuja do mote do deportado que busca um novo porto para morar, já que ouvimos a história de um pescador que numa noite prateada, vai ao mar para a pesca, e se ajeitar com um mulher que talvez ambiguamente não o espera voltar e ele se perde nas revoltas do mar, se perdendo também internamente nas suas funduras mais emocionais.
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