Fernando Andrade | escritor e jornalista
Não dilate o seu conto. É necessário que ele tenha espaços para o desenho, a pintura. Cores podem ser, mas talvez o preto e branco, terá no gênero uma economia policromática. Como um fotojornalismo visceral, o conto precisa de certa aridez, com teor de secura e abrasividade para certo tempero de estilo. Quando falamos do vazio, a estética pode surpreender ou atrapalhar. A economia formal guia o novo livro de contos do escritor Ricardo Freitas, no seu ótimo Eram só vazios, pela 7 letras. Lutos, angústias, corpos em decomposição espiritual, seguem rumos a certa redenção. O fantástico aparece aqui e acolá, misturando a fantasia com uma realidade exasperante. Pintores procurando cores e formas para auto expressão, e certa fuga para o desejo latente. São modulações da escrita em experimentar certa conformidade com a vida burguesa, com a falta de liberdade criativa com o prazer, o sensorial. Neste belo livro o leitor terá uma vista para a vida comezinha em pequenos detalhes do cotidiano mais entediante.
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