Fernando Andrade | escritor e jornalista
Se o alvo são as palavras, o que seria a história deste livro aqui que resenho. A história seria o infinito, a imensa possibilidade de combinações semânticas. O labirinto de Borges, feito de uma caudalosa corrente literária de séculos. O livro de contos Merenda do escritor e poeta, Paulo Ludmer, pela editora Reformatório, trabalha o léxico português, seria um alvo deste autor que busca a primazia estética do vocabulário, onde o sentido, se faz pelas significações ali na entranha da página. Paulo não faz paródias do estilo paulistano, este usa a língua, para entrar numa espécie de cultura oral de um povo, de uma localidade. Por isso a semântica é tão mais importante que o enredo ali camuflado pelo sabor do idioma, usado com maestria por Paulo. Aparece ali um humor lingual onde torções da linguagem fazem do signo algo brincalhão, e divertido. O acaso é que governa este livro de contos, preste atenção com se estivesse num trem vendo pela janela a paisagem em frames de quadros ou o que você terá um pouco da vertigem e sensação deste livro inovador.
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