Fernando Andrade entrevista o poeta Franck Santos sobre o livro Catálogo de acasos

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Fernando Andrade: Achei interessante a sua proposta de fazer uma imersão na poética em assuntos e temas cotidianos. Você tem um estilo, uma voz muito sua, deixa a obra mais personalista. Comente.

Franck Santos: Minhas duas publicações anteriores: “Nossos Próprios Vazios” (Primata) e “Como se dissesse água” (LiteraturaBr Editorial), são ficção, os dois são romances.
Pensei então em escrever algo baseado mais em meu cotidiano, nas memórias, nos acontecimentos que de alguma forma me marcaram. O “Catálogo de acasos” é um dos meus livros mais confessionais, mais pessoal; como você diz, mais personalista.

São pequenos textos, que não sei se são exatamente poemas ou contos, talvez sejam prosa poética, textos livres, sem qualquer definição ou ordem. Há no livro uma citação de Annie Ernaux que resume tudo o que quero dizer: “somos nós que escolhemos nossos objetos e lugares de memória”, e como escritores, apenas ajudamos a elaborar essas narrativas.

Fernando Andrade: É quase biográfico o limite entre a crônica e suas estéticas preferências, sobre livros, cinema, arte em geral. Como você lida com o biográfico?

Franck Santos: Faz algum tempo que estou fascinado com escritores e escritoras que suas narrativas são autobiográficas e gosto muito também de biografias, digamos assim.
Tenho lido muito Annie Ernaux e Edouard Louis, por exemplo. Por isso, esse livro tem muito de mim, me exponho e também algumas pessoas, mesmo que o leitor/a não identifique quem menciono. A Adelaide Ivánova já disse que quando escrevemos, a verdade é sempre uma coisa que nos orienta.

Fernando Andrade:  Muitas das pautas que você comenta você ouve da mídia, como filtrar estes elementos para o livro. Comente. 

Franck Santos: Dizem que o escritor, a escritora, faz e tira do seu entorno a argamassa para seus poemas, contos ou romances, e, estou inserido nesse contexto, ou grupo. Tudo que ouço, vejo, vivo, leio, tudo que me emociona de alguma forma, tento trazer para a
escrita, seja em forma de poema ou prosa. Às vezes, a pauta não se desenvolve naquele momento, mas a ideia, a frase, o conceito poderá se desenvolver depois.

Fernando Andrade: Você trabalha com um universo referencial, nos seus livros. Como é este filtro com informações que você consome e gosta. Comente. 

Franck Santos: Como disse anteriormente, o meu olhar, os ouvidos, o coração, a cabeça, todos os sentidos, estão sempre buscando situações como algo que poderá ser escrito.
Tenho mania de trazer todos os contextos para minha vida, seja do passado, do presente ou do futuro, vou fazendo associações com filmes, livros, séries, causos, músicas, relatos. Por isso, gosto tanto dos escritores/as autobiográficos. Acho que tudo é referencial quando escrevemos e temos esse olhar atento.
Tenho um grupo comigo mesmo no WatsApp, no qual vou anotando tudo. Se dessas anotações um poema, um texto será trabalhado, deixo ao acaso.

Franck Santos

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