nadacalma
vivemos no mesmo mundo
claustro de monges para alguns
desejos ardentes para outros
lutamos com coragem por convicções
sangue, carne, vaidade, prazer
genes condenados herdados
amores achados e perdidos
águas passadas, almas piedosas
sempre calados em meio à tormenta
senhor, livra-me da auréola
estou cansada demais para ter medo:
é insuportável manter a calma!
Do livro “nua escrevo” – pág.56 – Porto Alegre – 2015
em tempos incertos
somos livres dentro dos limites
com feitores e capitães do mato a postos
no entanto, desordenadamente
ainda brotam flores
Do livro “a outra me faz roer os dedos” – pág. 58 – São Paulo – 2018
mulher lua
uma flor destemida surge na lama escura
escolhe não ser mais a que espera
a que faz sonhar na alcova incensada
a que faz de conta para suportar a realidade
tem um pé no inferno e outro no paraíso
capaz de ser várias, se fazer de mirra ou benjoim
uma mulher lua em forma de adaga
de rios, dramas e in-ventos
e faz de tudo para não ser
a que vive à espera
Menção honrosa no Prêmio Lila Ripoll de Poesia em 2017
Benette Bacellar – natural de Porto Alegre, participou do Livro da Tribo em 2011, 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018.
O poema “T7” foi escolhido no Concurso “Poemas no Ônibus e Trens”, edição 2013.
Menção honrosa do “Movimento Cultural Casual” em 2013, com poema “Gabriel e Ariel”. Também em 2013, 1º lugar no “VI Concurso Cultural FECI – Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional”, com o poema “flor disforme”.
Participa do grupo literário Gente de Palavra e no Festival de Poesia AEDO em 2014, teve o poema “flor disforme” (sobre o tema câncer de mama), ilustrado por Daisy Viola. Em 2015, lançou seu primeiro livro de poemas “Nua Escrevo”.
Em 2016, teve vários poemas selecionados na Revista Entreverbo de Canoas (RS), Cabeça Ativa de Santos (SP) e Varal do Brasil, em março, abril e junho, de Genebra.
Colaborou na criação da revista Poesia Sem Medo com o escritor Antonio Miotto, com distribuição grátis nas periferias de São Paulo.
Menção honrosa no Prêmio Lila Ripoll de Poesia em 2016 com o poema “subterrâneo” e em 2017 com o poema “mulher lua”.
Em 2018, lançou o segundo livro de poemas “a outra me faz roer os dedos”, uma obra vencedora do I Concurso Literário Benfazeja.
Benette tem a habilidade de escrever poemas densos. Versos com uma carga de intensidade e contestação. Uma tênue esperança brota do fundo de seus escritos, como a dizer: apesar de tudo, ainda busco a utopia.