No livro “Versos no camarim” Regina Celi exprime sentido na sombra da palavra-escrita

 

 

por Jean Narciso Bispo Moura

O livro “Versos no camarim”,  editora Penalux, 2018, obra de estreia de Regina Celi, é dividido em 4 seções e tem 82 páginas. Nela a poeta pensa o efeito da palavra numa dicção que quem confabula é o silêncio, no espaço do não-dito, um vão que prescinde aqui o decorativo, ele se expande e aciona sentido quando os olhos-leitores interagem com o outro corpo da palavra não grafada.

Regina Celi exprime sentido na sombra da palavra-escrita. A luz [aparente] é um ponto que desata de si um breu para reconhecer-se em outras personas.

A autora parece querer alvejar a palavra, encontrar nela tensão e carga de experiência vital, e transmite em seus versos elípticos uma teia de fios vigorosos e sensíveis,  movimentados pela agulha da meta-palavra.

Em Celi a luz parece ser um elmo que esconde o rosto da realidade, sabendo disso, do seu camarim a poeta enxerga a vida e sua silhueta como um arbóreo enraizado no latifúndio da linguagem.

Nesta perspectiva a poeta revela no seu belo poema “Evocações a Heidegger”,  uma procura [literária e histórica pela palavra sublime e elevada] pelo estalo e apreensão heurística, dotado de um cosmo cognoscível, universal e atemporal.  Sendo perfeita a busca pelas palavras, mas não o encontro, movimento ad infinitum.

“palavras são errantes
mas nunca erram

erramos nós
por desejá-las perfeitas.”

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