I.
Cada desgraça em seu lugar,
Normais debaixo
Do céu.
Desejos empoeirados
: sou um cristo no deserto
Da cabeça de um louco
Em abandono.
O non sense educativo
Aprender não faz sentido!
A mente canta circos
Espetáculos do caos.
Declaro extinto o silêncio!
O sol se põe
No colo do apocalipse
Faço uma trança de ordem
Enquanto morrem mais alguns ciscos
De solidão.
Passo em corredores
Alheios ao tempo.
Disfarço e choro
Já sem tempo,
Mas repleta de efêmeras memórias.
Não acredito em nada!
Basta o nada!
Dou nome às coisas ao som de Chet.
Sou bonita como meu algoz?
Ou carrego o feio nos olhos?
As paredes rachadas
Todas me abraçam.
Incensos maravilhas
Ervas pelo corpo
Uma reza pela desgraça.
Sou um desejo morto? Morto?
Jamais.
Engavetada a paz
Meus ombros dão lugar
Ao mundo.
II.
Mãe:
Um beijo
Na boca
do
d
e
s
e
s
p
e
r
o
O mais doce
Em forma
De acalento.
Amor torcido em rrrrrrrs.
Mãe:
Um beijo
Na boca
Do céu
Infinito.
Luta como quem vive
A vitória num eterno
Prelúdio.
III.
Rios irmãos dançam
O futuro.
Eu me afasto do fogo,
Ele persegue.
Sombra noturna
Chama, convida a deitar
O ouvido em terra molhada.
Minha cabeça se faz vento,
Ainda longe do fogo.
É a mesma terra
Que me faz viva e podre!
ÉS VIDA E PODRE!
Enterro minha alma
Sepultada por árvores.
Ouço e a terra festeja
São danças em estalos de dedos.
Eu não tinha mais nome,
Nem raiz.
Raiz se fez meu corpo
Engolido com carinho.
Dormi
E dormindo percorri
Todas as estradas
Que nunca persegui.
O corpo agora porto
De todos os sonhos
E voos
Em meio ao caos,
Entre tufões
De TODOS os sonhos.
Retornei ao colo sem fim
Chorando a lua.
O fogo me espera
E o vento firme na mente
Como dois motores
A me carregar prum penhasco.
Me despeço
E avisto
Minha carne PODRE
Em prantos
Imersa
Na mãe terra.
Fernanda Pacheco (1993) é autora dos livros “A culpa é do Chet Baker” (Patuá, 2014) e “Ciranda Lado B” (Penalux, 2018). É professora de História e tem poemas publicados nas revistas Mallarmargens, Diversos Afins e Escamandro.
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