Foto: Marcelo Navarro
A vida
rasga…atropela…enrasca…encurrala
…engasga…aperta…afrouxa…assovia
…entorta….emperra…sacode…cria…
estrebucha…açoita…estremece…rod
opia…debate..esperneia.alivia…chat
eia…empata…trapaceia…agrada…fa
ntasia…chicoteia…escoa…transborda
…acelera…pressiona…surpreende…il
ude…supera…afaga…rejeita…bambo
leia…aumenta…esfria…diminui…aqu
ece….perdoa…esquece….regateia….
lisonjeia…afeiçoa…encobre…destam
pa….colore…apronta…descobre…co
meça….caminha…enrola…desenrola
…ensina…ama…entende…abre….fec
ha…transforma..aprende…aceita…re
forma..requenta…emenda…quebra…
desabrocha…sente…ressente …e
em si, poente… ACABA. (*)
(*) “Pó – do – nada” – fumaça na
estrada – luz da nuvem que passa.
Em memória de Antônio Abujamra – 28/04/2015
BURACO
DO EU.
Um vazio…doeu do EU……Doeu “nós dois”…doeu o nó
em dois…doeu…. e tô só nesse nó…sem
lugar…perdida na fita…doeu ferir e ser
ferida…doeu não mais doeu para atrás…doeu sem
ficar… …doeu não mais confiar…viver…..curtir
gozar…..doeu ofender…doeu magoar…doeu
rasgar…doeu esconder….doeu…abrir a
cratera…cair no abismo…doeu um abalo
sísmico….doeu sofrer…doeu se perder…doeu perder
o amor…doeu perder você…doeu e ainda dói viver a
dor…um buraco lascado…danado……um abraço
perdido…sumido…e alado….doeu o lado de ser
abandonado…..largado…ficar
fodida…abandonada…caída…e
perdida…sumida…largada…esquecida…deixada..
….do lado de cá ….e ….bem..longe…de lá!
O silencio é uma coisa.
Que não precisa ser Re-dita,
Reeditada,
Datada,
Re-Falada,
Velada,
Reelaborada.
Revisitada.
Silencio, é o silêncio.
Silêncio é. São coisas.
É silencio, e ponto final.
Do antes / Do depois.
É silencio, e é normal.
PAULA VALÉRIA ANDRADE – Poeta, escritora, professora, dramaturga, diretora de arte e artista visual.
Publicou mais de 20 livros de poesia, arte-educação, didáticos, antologias, contos e livros infantis. Recebeu prêmios literários: Portugal, Itália, Alemanha, EUA, e no Brasil: Jabuti e APCA. Foi “Menção Honrosa Poesia” 2016, na FALARJ (*). Em 2017, foi júri do Prêmio São Paulo de Literatura. Em 2018, foi laureada na Casa França-Brasil pela APALA [Academia Pan-americana de Artes e Letras do Rio de janeiro]. Seu mais recente livro de poesias é “Amores, líquidos e cenas”, da Ed. Laranja Original, 2018, lançado em São Paulo, na FLIP e no Rio de Janeiro.
(*) Federação das Academias de Literatura e Artes do Rio de Janeiro
Inovadora, inusitada, iconoclasta.
obrigada poeta Dirce !