Fernando Andrade
Jornalista e crítico literário
A alquimia aquela de porções mágicas, de misturas heréticas, também podemos falar que no campo da ficção ela se põe hibridizando elementos arquetípicos da narrativa tão ancestral como os mitos. A fantasia teria um forte elo como estas partes íntimas de cunho fantástico ou imaginativo da escrita. Angela Carter, escritora inglesa, foi uma das primeiras a elaborar uma estética onde o feminismo vinha atrelado sempre ao pendor imagético de uma alquimia fantástica; ali as mulheres feiticeiras transubstanciavam o real com doses heréticas de insurbordinação e sincretismo. Me Lembrei-me de Angela lendo o novo livro de poesias da Pilar Bu, Bruxisma, editora Urutau, uma bela adaptação bem feminina ao sufixo ismo: doutrinado em posições partidárias de controle e censo. Aqui no livro de Pilar a partícula a coloca todo masculinismo à forca e a força.
Uma doutrina de mestiçagem, do poder alquímico do feminino. Porque o lobo é uma figura solitária? Porque as mulheres correm com os lobos? A loba que amamenta, a loba que fundou Roma, a cidade mais nostalgicamente feminina e transgressora.
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