Três poemas de Matheus Felipo

MATHEUS FELIPO - Três poemas de Matheus Felipo

 

 

[bumerangue]

todo bumerangue,
uma vez lançado,
vai e volta.

todo bumerangue,
uma vez lançado,
tem que voltar. senão voltar, eu faço barbaridade, extingo a física, a física que diz todo bumerangue vai e volta, uma vez lançado.

 

 

[canudo]

estou afeiçoado a essa frase:
‘um canudo não se descarta’.
um canudo tem uma estética bela,
audaciosa,
díspar de tudo que já vi.
e já vi muita coisa: um copo, por exemplo.
um não; vi alguns copos.

vi alguns copos e vi também copos,
sem alguns.

quero ser um cara que não descarta canudo,
nada mais do que isso.

 

 

[a prancha do Kelly Slater é bonita e tá na Kombi]

eu quero surfar
mas não tenho prancha
a prancha do Kelly Slater é bonita e tá na Kombi
bem que podia a Kombi explodir
explosão a partir de uma única explosão
nem precisaria explodir
após a partir de uma única explosão

ai, eu quebraria a janela e resgataria a prancha,
deixando Kelly dentro, explodido
porque se eu o resgatasse, ele iria surfar depois,
mesmo explodido – sabe como é zen os surfistas né? despreocupados pra tudo.
sem prancha, eu não pego ondas
fico vendo o surf na praia
bem que podia a Kombi explodir
explode Kombi
vai, ajuda meu dia
explode do jeito que explosão
é feita pra explodir.

 

 

Matheus Felipo nasceu em 1986, no interior de São Paulo. É formado em História pela Unesp. Escreve, tira fotos de bonecos e faz malabares como hobby.

Please follow and like us:
Be the first to comment

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial