Fernando Andrade
crítico literário e jornalista
Fernando Andrade
crítico literário e jornalista
Italo Calvino dizia que um texto deve mover-se pela exatidão, leveza, e outras características da escrita que nada seriam que um certo estilo de narrar e envolver o leitor. Mas o que faz de um texto ser exato na sua medida? Que exatidão para uma certa camisa de força pode levar um texto para os olhos do leitor, dizendo que este texto é lindo ou muito bem escrito. Devemos dizer que tal texto puxou a nós como os olhos da avô, Rita, é a jabuticaba de seus descendentes. Puxamos para filiação. Escolástica que perpetua adeptos, e influências de algum mestre que tratou a palavra como Sócrates (aqui deixo a dúvida se ao filósofo ou o jogador que sabia de calcanhar tratar a bola ou a palavra. E se digo que tal conjunto de poemas maquinam um mundo ou universo pessoal, aqui me projeto e protejo em um desenho não professoral nem crítico, apenas prosaico, em valorizar pequenos cotidianos em verso como uma alquimia de memento mori – diário. Ricardo Duran, em seu livro, Expressões da alma, expressa sua veia fremida ao seu contorno experiencial, como ode aos amores, a relação nem sempre medida entre uma régua e seu compasso, a poesia precisa também de suas órbitas que nem sempre objetivam fundos falsos. A palavra do poeta parece dentro do peito “barroca”, porém guarda resquícios de memorialismo sobre o estado do amor já filtrado pelo olhar da memória, como se o poeta fosse já o amanhã, e torneasse palavras dentro de um baú de guardados. Praticar tão exata medida para qual mestre? Seus discípulos imitariam tão bem o voo do beija-flor ou canto da cotovia.
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