Fernando Andrade/jornalista e crítico de literatura
Uma relação de movimento carregada de afeto. O cantor tece relações entre quem chega e que se despede, portanto há na música uma cartografia de uma dança sinuosa de cirandas afetivas. Encontra-se na música a palavra “estação”, como uma dúbia relação de lugar para uma fronteira entre ir e chegar, mas também podemos dizer que há nela uma usina de som e ritmo como um lugar de frequência dial ou dia – qual é o tamanho do movimento de deslocamento em um lugar de trânsito? Ponto de partida seria o local, ponto de partilha seria uma aglomeração de afetos circulantes, misturados.
Quando li o livro de Fábio Brazil, pela Patuá, uma coletânea de poemas, chamada Ponto de Partilha, onde o cerne ou seu núcleo estaria na ideia do movimento ou deslocamento ou até dança de palavras modulantes e ondulantes percorrendo veios ou veias de caminhos sempre mexendo com ludicidade do sentido, sua materialidade, poderíamos até dizer seu gesto-ação ou gestação: um parto de palavras declináveis sobre a pulsão da dança.
Fábio relaciona a distância entre o efeito de estar e lugar do sentido do poema. Esta relação entre efetuar uma anima ou temperança: um estado de ânimo das palavras que vibram quando torna\zelam passos entre chegar – partir – e partilhar.
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