Três poemas de Júlio Mendonça

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o que resta
“resta a língua” – Hannah Arendt

o que resta?
a língua
à míngua

o que resta?
a linguagem
nas margens

o que resta?
o ruído
diluído

o que resta?
o silêncio
imenso

do resto

júlio mendonça

 

 

 

é como quando temos que
mudar de assunto, de página,
de linha

um sentido espera
se

não pode ser pós-fixado
nem pré-figurado

as asas de uma borboleta batem e
colorless green ideas sleep furiously

o rio corre pra cima
a rua muda em cinco
a chuva desfaz-se em vento

júlio mendonça

 

Citações:
“colorless green ideas sleep furiously” (Noam Chomsky)
“O rio corre pra cima
E a chuva desfaz-se em vento” (Zé Euzébio)
“Faço uma rua mudar-se em cinco becos” (Domingos Fonseca)

 

 

 

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