por Fernando Andrade
Jornalista e escritor
Talvez um médico fale para o leitor que vá ao lugar que existem remédios. E estando lá, descubra examinando bulas, papais, qual? É o estigma da uma doença? Qual pílula tomar para a quebrar a contaminação da violência, da barbárie. Ele olha que ao ingerir, pode ficar curado, ou ter um efeito placebo de sugestão de uma cura. Ele como leitor já não acha que pode ser tão conveniente para si, que é um leitor de livros de ficção, mas detalhadamente de narrativas breves; aquelas que dizem vencer por nocaute. E que a cura não combina nada com esta coisa de socos, e chutes.
Ele quer a zona, não de conforto, mas sim uma leve irritação no cérebro, aquela que chama de inflamação do pensamento sob efeitos de reflexões generalizadas.
Pois pensar é não sair imune da ficção da Cinthia Kriemler, ao entrar em seu universo, do Sêmen do rinoceronte branco, editora patuá, onde a escrita move-se com a tinta caligráfica do afeto em não fazer da doença social uma sociologia de números e estatísticas, apenas. Por que em cada personagem da autora há uma dignidade do existir por cima das demarcações de machismo beligerante, da miséria indigente da fome social. Cinthia em contos muito tácteis e visuais extrai que da leitura não pode haver efeito nenhum moralizante, pois ele muitas vezes distorce os sentidos do tema, sobre o drama da mulher, das crianças e dos animais que são extintos (espécies) como o rinoceronte branco.
Há sim, um desenho quase cênico em elevar os enredos onde a tragédia tenciona o individual perante o coletivo. Os personagens da autora sempre estão atados aos laços sociais, e sofrem por serem atomizados às mesquinharias do cotidiano mais vil.
IMAGEM: https://bit.ly/3eo4Rpg
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