Moisés Santana é natural de Conceição do Coité, Bahia. Em 2014 foi finalista do “concurso nacional Novos Poetas”, da Vivara editora. Participou das antologias poéticas “Jardim do kaos” (2016) e “Sétimo aeon” (2018), organizadas pela DiaboA4. Recentemente, publicou “Arco”, sua primeira produção independente, pelo selo Pedra Palavra. Disponibiliza parte do seu trabalho através de sua conta pessoal no instagram (@janeiroestrangeiro).
miro céus
deitado sobre o muro,
miro céus
algumas urgências diárias
fabricando distância
vingo as horas da eternidade
no leito de minha fúria humana
palavra é eco: não pode mais nada
palavra é ferrolho (!)
aquele olhar de saltar sem chão
aquele olhar de saltar sem chão:
no cigarro aceso entre os dedos
a prece de toda manhã
e os navios encouraçados de solidão
onde a cidade flertou suas fugas
aquele olhar de saltar sem chão:
o pente sobre a crista das ondas
a escovar palavras de sal
caiadas de luz
aquele olhar de saltar sem chão:
na boca de quem morde com fome
um pedaço de pão
a vida a suster seus dados
poema hermético
mora em mim um mistério
que só a palavra secretamente acessa
um oratório para meus dias
onde desembainho as dores de minha espada
um absurdo que me amanheceu sobre os ombros
e não me deixa comer em paz
mora em mim meus navios saqueados
toda seis da tarde quando saio pra pescar
e aprendo a zelar com as ostras
minhas contas de vidro
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