Sara Azevedo é graduada em Letras (língua portuguesa e literaturas) e mestra em Estudos da Linguagem pela UFRN, atua como professora de língua portuguesa no ensino fundamental e se aventura pela revisão textual, mas seu refúgio e libertação estão nos escritos do dia a dia; escreve sobre o que sente, o que não sente, sobre qualquer coisa, basta uma epifania.
AreiAMOR
O tempo roubou meu verso
E o resto
É saudade
O pouco que tenho
É vasto
O cheiro que sinto
É vício
O amor que fica
É vontade
O segundo que sobra
É bondade
Deixei o tempo roubar
o meu verso
Por vaidade
EnvenenAMOR
Feito o acordo
houve o tiro.
No escuro.
Claro,
fosse pela verdade
não haveria
imenso dano
SilenciaDOR
Inventei uma desculpa.
Miseravelmente
Impura
Fiz silenciar
A dor
Parto.
Partimos.
Tomei partido
da culpa.
Cantiga de campo minado
Mira.
O espelho
Entorta
Todas as cantigas
Que ousamos
Um dia
Dizer
Espalhou-se
Um pedaço de
Mim
No dia em que
Deixei de ser
Alvo
O disparo
Toda poesia
Fora de hora
É desculpa
que evita
Aquela saudade
Toda poesia
Dispara
Fora de ordem
Transpiro poético I
Quando a chuva
te chamar pra sair,
Dance.
Sinta a gota em
Transe.
Transcenda o cabelo negro.
A noite é lua.
A luz é tua.
Dance.
Transpiro poético II
Do alto
Toda cura
se transforma
em dança
Tortura
O ar
Figura
em transe
Platônica dor
Meu porto
Teu corpo
Repouso
Veneno
Vicioso
Vínculo
Sem corte
Exposto