Gota a gota
tatuou-se
de fogo
amou até o
último gole
tragou
a saudade
destilou-se em
carne viva
O tempo
o que me assombra
não é o tempo que perdi
reverenciando inutilidades,
nem a imagem refletida
que tiveram de mim.
me assombra é o tempo,
o que se perdeu na carcaça,
que me fez caça e prisioneiro,
que não mais me serve.
mais ainda me assombra
não é a sombra que eu era,
mas a que ficou vazia e só
nas águas de um tempo ido.
Cerzideira
das tuas dores
alheias às minhas
fui toda cerzideira
hoje, à procura
do meu fio da meada
na tempestade
descobri que sou
aquela gota de lágrima
no palheiro
Três poemas do livro GOTA A GOTA, Editora Scenarium, 2016
Chris Herrmann é brasileira, carioca, reside na Alemanha desde 1996. Estudou Letras na UFRJ, Música/Piano no CBM do Rio de Janeiro e é pós-graduada em Musikgeragogik na Universidade de Münster, Alemanha. Autora dos livros de poesia Voos de Borboleta (Protexto, 1ª ed., 2009); Voos de Borboleta (Tubap/Clube de Autores, 2ª ed., 2015); Na Rota do Hai y Kai (Tubap, 2015) e Gota a Gota (Scenarium, 2016). Em Maio de 2018 lançará um romance pela Editora Patuá. Organizou e participou de várias antologias de poesia brasileira. Mantém blogues e colabora para diversas revistas literárias como Revista Plural; Mallarmargens; Algo a Dizer; entre outras.
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