Woody
acolhi as flores para Woody
imagens rosas formavam silhuetas
da nossa mitologia
galguei deuses embebidos em vinho
e acordamos cinéfilos recitando parágrafos de cenas,
invertendo os papéis das atrizes
Manhattan sob o olhar
do diretor, transfigura-se em personagem
um sentimento bruto, projetado
na tela, verte silêncio
e um resto de amor
Kieslowski
a taça com dizeres em azul
propõe fantasias para o quarto,
uma trilogia de cores emoldurada
ser ouvinte com olhos movediços mesmo
contrariando os acentos gráficos da chuva
tatuando no ventre de Valentine a previsão do tempo
num grito despovoado de dor
no torvelinho consegui abortar
todas as palavras brancas
destampar a nudez das bocas
pra sorrir azul
sem demora
Wim
cortando as nuvens como navalhadas
as asas soam mais concretas que as vozes,
intocável silêncio esparge ao redor,
de dentro
acendo os olhos para a Berlim-P&B
alcanço a nota de suposições
deixadas pela trapezista,
do alto absorvo os pensamentos atormentados do pós-guerra
o girassol seco cheirando
nas mãos de uma criança, o anjo deixa na portaria
um aviso: a poética atravessou a ponte de adágios
carregando cartas para Nirna
INGRID MORANDIAN “Como titereiro, no silêncio, brinco com as palavras na composição de textos. Estanco na fronteira do real e da ficção, e esvazio de todo eu através da escrita.” Publicações: Água Terra Fogo Ar – Crônicas elementais, Ed. Uapê, 2011 – História intima da leitura, Editora Vagamundo, 2012 – Revista Plural 1900 e Revista Plural La barca, 2016, Ed. Scenarium Livros Artesanais, Senhoras Obscenas, 2016, Editora Benfazeja, Revista Mallarmargens, Revista Diversos Afins. Além de participações em saraus e encontros literários, como ‘Desconcertos de Poesia no Patuscada’, ‘Infinito Feminino’, ‘Sarau das Senhoras Obscenas’, entre outros. Atualmente publica no site de poesia hispano-americano Liberoamérica – Revista y Plataforma
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