RESENHA |Livro de poemas Novíssimo Marginal diaforiza o mundo em suas voltas do excesso de distensões conservadoras

Lou Albergaria literatura e fechadura penalux - RESENHA |Livro de poemas Novíssimo Marginal diaforiza o mundo em suas voltas do excesso de distensões conservadoras

 

Fernando Andrade| jornalista e crítico literário

Hoje o Demiurgo acordou querendo falar do real. Num tablet que mostra sua interface entre o visível e o invisível, ele vaticinou sobre a última polêmica do dia. Demi para os íntimos, disse que mundo vai de mal à pior por excesso de pontos de vistas. Ele criou o mundo em sete dias, e no sétimo, seu dia de sorte, descansou a vista. Para cada ponto há sempre muitas linhas a comentar. Por exemplo, os poetas sempre estiverem longe do céus, pois são perigosamente terrenos… misturam o coração à seus pensamentos. Alguns sopesam ou não sopesam as palavras? como dizer? há algumas pedras no meio do caminho. Pedras para atirar não na vidraça do outro, mas em sentidos toscos que não revelam o duplo de cada coisa. O poeta é um levante de posição. Mas ele não é um agressor. Também não levanta a bandeira, nem da paz. Ele é um digladiador de diálogos.

Portanto fico muito receptivo aos poemas da poeta Lou Albergaria, em seu livro Novíssimo marginal, pela editora Penalux. Pois a poeta escolhe uma posição de diálogo com os outros, não tolhendo o discurso contrário. A lâmina que corta, não fere, se do outro lado, ela afia o reverso da escuta. A poesia precisa ser a arte do combate, mas daquele que pode e deve dar
o troco do outro lado da moeda. Todo bom poeta deve ser uma escuta em atos de guerra. Não é deixar se ferir. Mas ter o poder de barganhar a arte de uma dialética de contrários, de polos avessos.

Lou analisa o mundo, com uma afinação de músico experiente em sons, malhas e sentidos.
Para isso, faz jus ao humor, este lado estilingue-bilíngue que taca pedras no olho furado da ignorância, da crendice conservadora. Este estar no mundo da poeta é também sua posição de levante. Como mulher, militante das palavras que opera máquinas inteligentes de significados. Para tanto, ela lida com a semiótica marginal que andarilha pelo mundo, catando o lixo ocidental da perda, do exílio de não ser aceito, nominalmente, normativamente.

Lou opera pelo humor em poemas tanto recintos e sucintos, com o poder de sínteses. E com uma boa piada que faça referências aos dois lados do muro que é por essência separatista. Ela ouve o outro lado. O marginal é sempre alguém que escuta, mesmo estando do outro lado da rua.
Ele cata semioticamente o lixo dos civilizados e ressignifica os sentidos que são jogos, pois neste mundo, pós-contemporâneo, ninguém que bancar o lúdico com os depósitos soltos das coisas.

A poeta em sua terceira parte do livro, não isola a morte como princípio fundante da existência. Os poemas se integram a ela, como dialética entre verso e controverso, entre matéria e espírito, parte da anima do mundo em não ver a passividade de um boi ruminado onde o pasto é sempre mais verde.

 

 

 

Please follow and like us:
Be the first to comment

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial