Leandro Rodrigues (Osasco, 1976). É poeta e professor de Literatura. Já lançou os livros Aprendizagem Cinza (Patuá, 2016), Faz Sol Mas Eu Grito (Patuá, 2018) e Todas As Quedas São Livres (Penalux, 2020). Também já participou de diversas antologias como: Hiperconexões (2017), Sarau da Paulista (2019), MedioCridade (2019), 70XCaio (2019) etc.
TELA
A mesma mera
Ilusão
Janela aberta no
escuro
Silhueta de um
Corpo nu no espelho
Move-se à penumbra
Atávico semblante
Dinâmico – ato pensado
Olhar – exposto
Desejo
A morte & a
Disciplina.
NOTURNO
em braile
tateamos a noite
um poema acende
AUSÊNCIA
ausente
da hora
da noite
do começo
do presente
ausente
do preço
do invólucro
da tarja
do contra
do indicado
do futuro
ausente
do pouco
do medo
do extenso
do mar
do aberto
da palavra
da cheia
do grito
do passado
ausente
do depois
do vir a ser
do mais-que-perfeito
ausente
de antemão
do ainda que tarde
do que não falha
do que se refere
do gesto nobre
ausente ausente
em letras garrafais
caixa alta
negrito
arial narrow
centralizado
ausente
pelo que queres
ou supões aqui
ausente
de si mesmo
velório/enterro
alforria
a queda
ausente
de qualquer
palavra
ausente
DESMEMÓRIA OU DESNOVELO
Toda a memória escorria
Ao picotar
As antigas fotografias
§
A memória guardada na noite
E as palavras estendidas
Qual colcha de retalhos
de infinitas dobras
……………………………..
sono ancestral do mundo
no quarto crescente
abarrotadas fotografias adormecem.
Be the first to comment