Quatro poemas de Nirlei Oliveira

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Nirlei Maria Oliveira. Bibliotecária com mestrado em Ciência da Informação, de Formiga MG, reside em Campinas, SP. Trabalha atualmente no IFSP, Campus de Hortolândia. Tem poemas publicados em coletâneas e revistas. Atua em projetos e ações de estímulo à leitura: Ler é Viver, Hora Literária, Janelas para a Poesia, Clube do livro e Palavras Temperadas.Para a divulgação de leituras de poemas produz o Podcast Quarentena Poética – anchor.fm/quarentenapoetica

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voo curto

o amor foi abatido em pleno voo
era precoce de afeto
morreu de metáforas gastas
no epitáfio
aqui jaz
foda-se
já era

 

Tempos nascentes

o vir a ser
na dura travessia do agora
genes do mundo na borda do talvez
nas dobras
na pulsão
no gozo
na esperança teimosa
reinante e vivaz
enraizada nos sonhos
e fincada
no centro do peito
e
na alma leve
que resiste
às depurações sombrias
do desencanto do presente
das indizíveis dores
do isolamento
e
entre os vãos e as frestas
faíscas vibrantes
de desejos insanos
de salvação
e
desejosos
do (re)nascer
neste balbucio de redenção
pulsante no peito
a esperança
das sementes do que virá
talvez…
na dança
na festa do viver
neste estranho devir
de nascentes dias

 

Lúmens

Lamparinas lumiosas no breu da noite,
procissão sem prece e sem os silêncios profundos.
Risos, brigas bobas, pequenas implicâncias,
profusão de alegria nos finos poros.

lenta e corajosamente avança,
caminha mato adentro, trilhas conhecidas, risos ansiosos,
átimos da memória em noites sem estrelas.
crianças felizes,
uma, duas, três, quatro, cinco,

Passo a passo, uma seguindo a outra,
pequenos lúmens que alumiavam
a noite de breu
no caminho para a casa do meu avô.

 

Não apaguem os vaga-lumes

são
vagantes
corajosos
insurgentes

luzes autônomas
potentes e brilhosas
sem holofotes artificiais
voam, cintilam, brilham

iluminam o breu da noite, os lugares obscuros e remotos
embrenham em voos noturnos leves e sem mordaças
lamparinas nas cavernas medrosas e escuras
livres, sem os códigos do dizer e do viver
sem as metáforas para indizível
libertos e visionários
pequenas estrelas
fachos de luz
iluministas
do pensar
do viver
livres

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This Article Has 7 Comments
  1. Dell Sousa Reply

    Maravilhosa Nirlei com seus poemas que nos atualizam, mexem com os sentidos, nos impressiona e apaixona. Competência, minha amiga, minha admiração.

    • Nirlei Reply

      Amiga, obrigada pela sua leitura amorosa dos meus poemas!
      Minha consultora para todos os assuntos! Abraço forte!

  2. Rozana Gastaldi Cominal Reply

    Poemas brilhantes!
    Em tempos nascentes, lúmens em forma de afetos
    que pulsam, livres, vaga-lumes!

  3. Ana Reply

    Amei , lindos

  4. Antônio Carlos Reply

    Excelente portar, parabéns Nirlei

  5. Roberto Monteiro Reply

    Uma sugestão para melhorar o ângulo da diagramação:::

    luzes autônomas
    potentes e brilhosas
    sem holofotes artificiais
    voam, cintilam, como brilham

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