por Marcelo Frota
Só o mar silencia meu caos, de Fernanda Assef (Penalux, 2020), começa com uma narrativa, um diálogo, um deslocamento com destino certo. Ainda que sem nome dado pelos homens, porém, e por isso mesmo, com todos os nomes. Seja O mar, The sea, El mar, La mer, não importa o idioma, nem se é Pacifico, Adriático ou Atlântico, a imagem que brota é de serenidade, mesmo que de sereno, o mar tenha pouco.
Pai e filha viajam, e nessa viagem de horas, a menina, em sua inocência, indaga sobre o quanto falta para chegar. O tempo de uma criança é outro, é rápido, imediato. Contar o tempo a menina não sabe, ela só sabe sentir, e em sua inocência, refletir. Refletir com a sabedoria da pureza. “Amanhã, o hoje será ontem.”, ela conclui, em dado momento, e surpreende o pai, com sua constatação. Surpreende a nós, com sua genialidade, surpreende uma viajante, moça sem nome, presa no passado, que com pai e filha, ruma para o mesmo destino, com uma possibilidade de futuro.
O pai assume o rumo da narrativa, é por seus olhos que o desenrolar da viagem nos é revelado e como eu, no aqui e agora de uma manhã chuvosa de inverno, controlo a narrativa deste texto, escolho não revelar o final da narrativa que inicia o livro. O sentir que sinto/senti (tempo verbal, pra que?), deixo para o leitor sentir.
Ainda tomado pelo sentir, e SENTIR, é a palavra-chave (para mim), de Só o mar silencia meu caos, ouso aqui, e pela primeira vez, romper uma tradição que tem espaço em todas as minhas resenhas, que é destacar trechos dos poemas que mais tocaram meu íntimo, para finalmente fazer uso de uma frase proferida no filme O carteiro e o poeta: “Quando se interpreta a poesia, ela perde o sentido”.
Essa frase, citada de memória, proferida pelo poeta Neruda, para o carteiro Mario Ruoppolo, é algo em que acredito e não acredito. É minha contradição, meu avesso do avesso. A poesia de Fernanda Assef, tocou meu ser, da forma que Pablo Neruda, Cecilia Meirelles, Vinicios de Moraes, Charles Bukowski, Robert Frost, Allen Ginsberg, Mário Quintana tocou. Ou seja, de forma intima e pessoal, e para essa experiência, escolho manter para mim, minhas impressões.
Espero, sinceramente, que essa abordagem, leve o leitor, o apaixonado pela poesia, a ler Só o mar silencia meu caos o mais rápido possível. É meu livro de descobertas de 2020, meu livro de encantamento, de destruição, minha brisa serena, minha tempestade devastadora.
E, por ser sentimento, por ser impressões, O MELHOR LIVRO DE POESIA QUE LI ESSE ANO.
Marcelo Frota é professor, escritor e poeta. Apaixonado por música, literatura e cinema. É coautor de Compilação Poética das Margens e autor de O Sul de Lugar Nenhum, lançado em 2019 pela Editora Penalux.
Ai, ai, ai… fui dar uma conferida na Penalux… li a “amostra grátis”… sinceramente??? gosto é gosto… muita rima, muito comunzinho… mas… a moça é descolada, meio famosa… é do “meio”… pois é… eu, um pobre poeta saltimbanco, cuspidor de pus pelas palavras… sou um maldito, talvez incompreendido… mas… `Pessoa também foi um incompreendido em seu tempo… NÃO!!! não estou me comparado ao maior de todos que falava português… apenas cito o Fernando como um fio de esperança que me locomove por entre as letras… pena??? de mim, não… apenas a pena que desliza solerte sobre polpas que um dia fizeram sombra para os passarinho… que passarão e voarão para longe… onde lá não irei mais lamentar… amém e saravá, irmãos…
Li e acho um desbunde de maravilhoso.
Marcelo, que lindo teu encontro com meus poemas. Que honra .