https://www.editorapatua.com.br/produto/237116/macula-de-mariana-basilio
por Fernando Andrade | escritor e crítico de literatura
Qual é a direção do seu carro? Todos nós nos movimentamos, se a pé ou num circular, precisamos ir longe. A vida melhor dizendo, escorre por entre os dedos. Mas quando relacionamos esta velocidade até do desmatamento, levando morcegos para a civilidade, ao cozimento de uma vida prática e organizada. Se saímos dos trilhos desta cozinha laboral que é trabalho, vida social, esporte, lazer. Basta um pé para adentrarmos numa zona de alerta máximo, onde a rotina, o curso das coisas são embaralhados em loucura, medo e paranoia.
Como a palavra poética pode dimensionar, e não só, bagunçar o baque do levante? Pois em tempos de crise sanitária e loucos nos governos precisamos dos poetas que deliram o efeito purgador através da luxação dos sentidos, fazendo cada vez mais livros. Como este que acabo de ler da poeta Mariana Basílio, Mácula, editora Patuá. As mesmices são para os bobos e conservadores. A palavra parada e estagnada só serve aos panfletos dos publicitários. Mariana faz mais do que torcer os signos penetrantes pelo que vai jogando pelo gargalo de 2020\2021. Ela faz torções do inconformismo pela alta latência de átomos que se chocam entre os versos-sentidos que fazem rastilhos, trilhos como uma grande locomotiva semântica do velho oeste.
Mas aqui não se carrega material explosivo e sim argumentações poéticas, através de uma linguagem vibrante e aguda nos atravessamentos sobre a pandemia: a explosão termostática do mundo capitalista globalizado. Se a poesia não interliga estrada e mundos, pois seu ato é tão solitário quanto a explosão de uma estrela num sistema solar anos-luz daqui, ela tem o comando de pensar sobre a ideia primeva de um estado em movimento, ou deslocar-se para sair do apelo inercial, de um universo em construção\desconstrução.
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